A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo

Sobre a obra
“A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" é um dos livros fundamentais da teoria sociológica clássica. Elaborado com o intuito de se contrapor às interpretações materialistas do marxismo em voga, o livro propõe uma compreensão do capitalismo que parte, ao invés do âmbito econômico, partindo do âmbito espiritual, cultural.
Daí porque a história do capitalismo é contada a partir do desenvolvimento da ética protestante. Esta ética, surgida no contexto da Reforma como crítica do Catolicismo, propunha uma forma de religiosidade diferente, mais espiritualizada.
O ponto principal de divergência entre a ética protestante e a católica está em sua concepção de salvação: ao contrário das doutrinas católicas, o protestantismo não considera que as boas ações do sujeito possam influir em sua salvação. Ao contrário, esta salvação está garantida ou não por Deus, independentemente do comportamento do sujeito. O sujeito não tem como garantir sua salvação, mesmo que aja moralmente e que pratique o bem.
O bem é praticado pela metanóia da conversão, ou seja, pela mudança de idéia e de comportamento. O bem é praticado pela necessidade da pessoa em fazê-lo e sem nenhum interesse em contrapartida.
A vontade divina está absolutamente fora do alcance da manipulação de qualquer ser humano. Entre Deus e os homens, não há qualquer mediação - mesmo a Igreja não possui qualquer contato especial com Ele.
 
O protestantismo cria uma ética inteiramente nova: a ética do trabalho.
A riqueza conquistada pelo trabalho duro e bem realizado é o sinal de benção de Deus em nossa vida, e conseqüentemente, a ética é a da produção da glória divina, a produção da prosperidade, da riqueza.
No entanto, esta riqueza deve ser produzida para a Glória de Deus e não para a glória humana mundana e exercida de modo a glorificar a Deus.
A ética protestante, como ética do trabalho feito para a acumulação e não para os gastos é o fator cultural determinante para o desenvolvimento do capitalismo, segundo Weber.
É por isso que o trabalhador se alegra quando realiza um bom trabalho e a empresa fica com o lucro. Ele sabe que a melhor paga virá, mesmo que não da empresa,Deus o honrará.
Aqueles que não seguem este caminho, precisam buscar em outros eventos a realização. Por isso que há pessoas que buscam no futebol, no seu time, em atividades externas, etc... 
 
Em nosso dia a dia, como aplicar?
Precisamos notar que o calendário de Deus tem sete domingos por semana. Deus santifica cada dia.
Ele realiza seu santo trabalho em todas as horas e em todos os lugares.
Ele ordenou seu trabalho como algo bom. Antes que Deus deu a Adão uma esposa ou filho, até antes que ele o vestiu, Deus deu a Adão um trabalho. “O SENHOR Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo.” Gênesis 2:15.
Deus vê o trabalho como merecedor do seu próprio mandamento: “Trabalhe seis dias, mas descanse no sétimo...” Êxodo 34:21.
Nós gostamos da segunda metade daquele versículo. Mas, ênfase no dia de descanso pode nos levar a perder de vista o mandamento de trabalhar: “Trabalhe seis dias”. Queira você trabalhar em qualquer posto, seu trabalho é importante para Deus e importante para a sociedade.
Seja como for que você começa o dia, quando você trabalha você imita a Deus.
O próprio Senhor trabalhou nos primeiros seis dias da criação. Jesus disse “Meu Pai continua trabalhando até hoje, e eu também estou trabalhando”. (João 5:17). Sua carreira consome metade da sua vida. Ela não devia refletir Deus? Aquelas quarenta a sessenta horas por semana não pertencem a ele também? A Bíblia nunca promove a compulsão pelo trabalho ou o emprego obcecado como alívio para dor. Mas, Deus chama todos que estão em condições físicas a cultivarem os jardins que ele deu. Deus honra o trabalho. Então honre a Deus em seu trabalho. “Para o homem não existe nada melhor do que comer, beber e encontrar prazer em seu trabalho. Vi também que isto vem da mão de Deus,” (Eclesiastes 2:24)O fruto do seu trabalho é, também, uma benção, que devemos aproveitar com parcimônia. “Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; porque digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis a mudar de casa em casa.” (Lucas 10:7)
Deus não só exalta o trabalho honesto como exorta o trabalho desonesto: “Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça e os seus aposentos, sem direito! Que se vale do serviço do seu próximo, sem paga, e não lhe dá o salário;” (Jeremias 22:13)
Até mesmo o trabalho em casa deve ser valorizado, como vemos em Provérbios 31:10 a 31. “Mulher virtuosa, quem achará?...” e Provérbios 14:1 “A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos, a derriba.”
No livro de Colossenses 3:22-24, está registrada uma passagem que orienta, com clareza, como o homem cristão deve proceder no seu relacionamento diário dentro do trabalho, independente do que faça. “Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus. E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor servis.”
É preciso notar, também, que Deus pode usar aquele seu patrão que pega no seu pé ou que não valoriza aquilo que você fez de melhor, mesmo assim, devemos honrar ao Senhor, fazendo o nosso melhor.
A orientação de Deus no trabalho é de extrema importância. Devemos realizar todas as coisas servindo antes a Deus que aos homens. Isto não significa que a cada tarefa realizada a pessoa necessite ficar repetindo declaradamente o nome do Senhor. Deus nos instrui a agir com sabedoria. Se uma pessoa age sem discrição e sabedoria, acaba sendo confundido com um fanático. Dessa forma, mesmo com as melhores intenções, sua semente torna-se infrutífera. Ninguém dará crédito a uma pessoa aparentemente descontrolada.
 
O senhor capacita seus servos com sabedoria porque conhece exatamente todas as artimanhas de satanás. “…os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz”. (Lucas 16:8)
O cristão precisa saber se tornar querido no ambiente de trabalho, a fim de ser amado e abençoado. Deus usa o patrão para liberar a bênção do salário que sustenta todas as despesas da família. Quando no trabalho aparecem os frutos de uma vida cristã, fica notório que Deus o está abençoando.
A Palavra de Deus, semeada pelo cristão, tem poder de frutificar em qualquer lugar por onde ele ande. Seja na Igreja, no lar, no trabalho no lazer, enfim, onde quer que o cristão ande.
Se o homem mantiver uma postura de sabedoria, sendo prudente em palavras e de gentil presença, certamente o Senhor também será com ele. Dessa maneira, muitos se chegarão a ele para saber mais sobre o fruto da paz, a alegria e a prosperidade que há na vida e no lar do homem de Deus.
“Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.” Tiago 3:18