Páscoa e pão ázimo

 
 
No período de páscoa, os judeus relembram a saída do Egito.
Um dos costumes se refere ao pão ázimo, ou pão sem fermento. Esse pão é muito mais parecido com uma bolacha água e sal, mas grande como uma pão de forma, um simples bloco fino de farinha, sal, óleo e água, assado às pressas, por isso sem fermento, para que não fosse necessário o tempo de descanso e atuação do fermento.
Ao olhar esse elemento da Páscoa Judaica, penso na vida moderna.
Nós, os cristãos, temos paradigmas distintos da páscoa e o objetivo aqui não é a quebra desse paradigma. O sacrifício do cordeiro não será menosprezado, contudo, os dois elementos da páscoa judaica acima descritos me levaram, essa semana à reflexão.
Escapar do Egito significou escapar da perseguição e da dificuldade. Significou buscar a terra que Deus separou, a terra que emanava leite e mel.
Contudo, precisamos entender como os judeus foram ao Egito. José, levado como escravo, alcançou  os mais altos postos dentro da hierarquia faraônica. Quando a fome se abateu, os judeus se direcionam, voluntariamente ao Egito e foram bem recebidos, até mesmo pela posição de José.
Mas o povo cresceu mas não fez diferença, não tinham uma profunda e relevante vida com Deus, tanto que surgiu um faraó que não conhecia a história de José (Êxodo 1:8).
A vida se tornou amarga, o tratamento duro, a escravidão, paulatinamente se abateu, até que o Senhor precisou levantar Moisés para livrar o povo.
Vejo em nossa vida hoje o mesmo desafio, nos inserimos no mundo do inimigo, no mundo do pecado... no começo, é tudo tranquilo, tudo bom, mas, aos poucos, nos esquecemos de fortalecer nossa identidade, nossa fé e vamos sucumbindo até nos vermos plenamente escravizados.
Tal qual o povo no Egito, quando nos inserimos em uma realidade perigosa, quando nos inserimos no mundo sem sermos sal e luz, nos inserimos nesse meio e passamos a nos contaminar de tal modo que nossas vontades já estão tomadas pelo padrão mundano e, então, nos tornamos vítimas desse padrão, presos nesse padrão.
Mas Deus, em sua imensa misericórdia, não quer nos deixar do mesmo modo.
O pão ázimo, nesta visão, representa nosso anseio de voltar para Deus, nossa pressa, nossa corrida para Deus, quando o Senhor abre a oportunidade de nos perdoar e de reestabelecer nosso contato com Ele, devemos ter essa pressa, esse ânimo pujante é o mesmo do versículo "Buscai ao Senhor enquanto se pode achar e invocai-o enquanto está perto" de Isaias 55:6.
O pão ázimo é feito em minutos e é um alimento básico e inserido na alimentação para todos. Ao pensar nisso, entendo que o Senhor nos ama de tal modo que, ainda no nosso percurso, quando não alcançamos a estatura de Cristo (Efésios 4:1), o Senhor nos capacita, nos cuida e nos auxilia para chegarmos a este ponto.
Ele também representa o anseio de Deus. O Senhor está desejoso, ansioso por nos ter perto. Deus sempre ansiou na reconciliação do homem e esse tempo entre a queda e a redenção no sacrifício de Cristo, ainda que possa parecer muito tempo aos olhos humanos, na verdade, era um tempo extremamente curto aos olhos do Senhor e um tempo de preparação e crescimento, até na esfera intelectual, para que todas as conjunturas estivessem adequadas e preparadas para a vinda do Redentor.
Por isso, existe um binômio bem claro, Deus buscando o homem, se apresentando ao homem, dando a oportunidade ao homem de ser salvo e, ao lado, o homem que, quando deseja escapar das garras do pecado, encontra Deus pronto a auxiliá-lo.
 
Minha oração neste dia é no sentido de que você que está no caminho da fuga do pecado possa clara e sensivelmente perceber o cuidado rápido de Deus em cuidar da sua vida. Que você possa ter a certeza em seu coração de que Deus o auxiliará e alimentará a sua alma de forma a que você possa, sensivelmente, se achegar a Deus e desfrutar da presença dele em sua vida.